segunda-feira, 23 de maio de 2011

O dia em que a Terra parou


Há exatos seis meses, assisti pela primeira vez a um show do meu ídolo maior, Paul McCartney. Nunca vou conseguir descrever a sensação de vê-lo no palco, cantando, tocando as músicas que fizeram e fazem parte da minha vida, levando às lágrimas a mim e a tantos outros que estavam lá. Pois bem. 22 de maio de 2011 chegou e me trouxe a oportunidade de repetir essa sensação indescritível. Pensei: "Seria tão bom se ele tocasse 'Maybe I'm Amazed', já que ele está relançando os discos 'McCartney' e 'McCartney II'..." e fui para o Estádio Olímpico com uma ponta de esperança, acreditando que essa seria a melhor surpresa da noite.
Enquanto esperava na fila, lembrei daquele pensamento. E pensei, também, em outras músicas que gostaria de ouvir. Que tal "Every Night"? "Coming Up"? De repente, um burburinho. Virei para olhar a rua e entender o que estava acontecendo, quando vi um ônibus passar. Era a euforia da espera pelo show que estava fazendo todas aquelas pessoas vibrarem por ver um ônibus? O burburinho foi aumentando, se transformando em um crescendo de emoção até que dois batedores da polícia seguidos por um carro preto apareceram. Sim, era ele! Paul McCartney estava lá, no bando de trás, acompanhado por outras pessoas. O vidro aberto, o aceno para a multidão e, por alguns segundos, a Terra parou. Quem estava dentro do carro com ele? Não sei, não vi. Meus olhos só tinham um foco e queriam registrar aquele momento a todo custo. Foi muito rápido, porém suficiente para fazer a fila toda tremer comigo.
Um fã que estava na minha frente não conseguia acreditar. "Você ouve Beatles a vida inteira e Paul parece alguém distante, irreal. Aí ele aparece e você vê que ele existe mesmo", disse a mim, resumindo o que grande parte das pessoas deve ter pensado naquela hora.
Um pouco depois de sua chegada, Paul subiu ao palco e começou a fazer a passagem de som. Quem estava à espera, ainda na fila, e quem pode entrar antes no estádio ouviu "Every Night" e, mais tarde, durante a exibição da tradicional colagem de fotos da "Up And Coming Tour", dançou ao som de "Coming Up". "Maybe I'm Amazed" ficou de fora do setlist, mas quer saber? Nenhuma música, surpresa ou novidade em relação aos shows de novembro teria sido mais emocionante que ver Paul acenando de dentro do carro.
Assisti ao show bem próxima à grade que separa o palco do público, senti o calor dos fogos de artifício de "Live And Let Die", enchi bexigas coloridas e segurei um dos "NA" que surpreenderam Paul e sua banda durante "Hey Jude". Vivi uma experiência completamente diferente desta vez e insisto novamente: continuo sem palavras.

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