quinta-feira, 26 de abril de 2012

My heart is like a wheel! (parte 2):


Estar a poucos passos de realizar um grande sonho é mesmo algo indescritível. O coração dispara, as mãos suam em profusão, o corpo inteiro treme de ansiedade. A fome cessa, os olhos se enchem de lágrimas a cada lembrança de que o momento está chegando, o espelho vira um companheiro na hora de treinar o que dizer.
Quando soube que conheceria meu ídolo Paul McCartney, surgiu uma grande dúvida na minha cabeça: “O que eu vou dizer a ele, que já me disse tanto em suas músicas?”. Ensaiei a semana toda perguntas que queria fazer e, à medida que os dias passavam, mais eu me questionava se aquilo tudo estava realmente acontecendo na minha vida. Verdade que eu iria encontrar o artista mais genial da história contemporânea da música? O dia estava se aproximando...
Meu marido e eu chegamos a Recife no sábado, dia em que Paul fez seu primeiro show no Estádio José do Rego Maciel, conhecido como Estádio do Arruda. Precisávamos buscar o ingresso dele na bilheteria e seguimos até lá no fim da tarde. Os portões ainda estavam fechados e havia muita gente nos arredores. No caminho, havia um vendedor de café ouvindo “All My Loving” na rua e aí aconteceu a epifania – eu ia realmente conhecer o cara que escreveu essa e tantas outras músicas que são a trilha sonora da minha vida e da de tanta gente! Mais uma vez, o coração disparou, as mãos suaram em profusão, o corpo inteiro tremeu e o choro não pôde ser contido.
No domingo, fomos no horário e local marcados para encontrar a equipe da Planmusic e, de lá, seguir para o estádio. Ali tive meu primeiro contato com os outros vencedores do “Desafio Paul McCartney” que me acompanhariam na aventura. Muitos deles são músicos e fãs do Paul, o que me deixou bastante contente. Assim, tivemos muito o que conversar nas horas que se seguiram.
Chegamos ao estádio por volta das 14h e fomos encaminhados à sala de imprensa, onde conheci também os cinegrafistas da Globo Nordeste que registrariam o encontro com o eterno Beatle. Permanecemos ali até poucos minutos antes do início da passagem de som. Fomos levados à pista e pudemos observar a entrada de cada um dos músicos da banda no palco. Por último, lá estava ele! Com uma camisa xadrez, colete preto, calça jeans e tênis preto, mascando chiclete e tomando um gole aqui e outro ali de água mineral, Paul McCartney cumprimentou o público que lá estava dizendo que a passagem de som seria curta desta vez. Cantou diversas músicas, esqueceu a letra de “Penny Lane”, fez todos rirem ao esquecer-se também dos acordes de “(I Want To) Come Home” e brincar dizendo que aquela era uma versão curta da música. Era ele! Incrível, brilhante, simpático como uma grande personalidade deve ser!
Faltando duas músicas para o fim da passagem de som, fomos chamados para ir ao backstage. Chegou a hora! Deixamos nossas câmeras fotográficas e outros pertences com um dos integrantes da equipe da Planmusic e, mais uma vez, as regras foram estabelecidas: Paul apertaria a mão de cada um dos vencedores do desafio, tiraria uma foto coletiva e se despediria. Nada de abraçá-lo, beijá-lo, puxar seu cabelo ou qualquer coisa que o valha. E sim: “Não pode chorar!”. Pronto! “Ih! Me ferrei!”, eu disse, com os olhos cheios de lágrimas, ouvindo “Bluebird” ao fundo. “Se chorar, a foto vai ficar feia!”, disse uma das pessoas da organização e eu disse “Mas o que você faz quando está prestes a conseguir uma coisa com a qual sonhou a vida inteira?” e ela respondeu: “Ah, mas a gente também sonha! E precisa se segurar!”. A partir daí, consegui respirar fundo, controlar o choro e me preparar para o que estava por vir.
Aplaudimos cada um dos membros da banda assim que eles passaram por nós, que estávamos enfileirados no corredor ao lado do palco. Todos eles são grandes músicos e merecem o devido reconhecimento. O primeiro a passar foi o tecladista Wix Wickens, seguido pelo baterista Abe Laboriel Jr. e pelo guitarrista Brian Ray. Depois, foi a vez do guitarrista Rusty Anderson receber nossos aplausos. E então, ele apareceu: Paul McCartney estava chegando e meus olhos não podiam acreditar!
Conforme previsto, apertou a mão de cada um de nós, sempre muito simpático. Quando chegou minha vez, eu disse “Oi!” e ele retribuiu. Então, viu meu colar, com um pingente em forma da logomarca do Wings e falou: “Hey! Que legal!” e continuou apertando as mãos das pessoas que faltavam. Aí, perguntei a ele: “Tudo bem com você?” e ele respondeu: “Tudo bem! Obrigado!”. Terminou de cumprimentar todos, voltou para mim e me perguntou: “Qual música você cantou no vídeo?”. Respondi: “Got To Get You Into My Life!” (“Preciso ter você em minha vida”, em inglês) e ele brincou: “Você precisa?”. Como não rir depois disso? Em seguida, me perguntou: “Você cantou bem?” e eu disse “Bom, acho que sim!” e, sem eu esperar nem exigir nada, ele me deu um abraço! Correspondi ao abraço dele, meio tonta com o momento. Era isso mesmo? Depois, ele se virou para frente, ainda com o braço em volta de mim, e pediu para tirarmos a foto. Por fim, se despediu e eu só tive tempo de dizer a ele: “Muito obrigada, Paul!”. Ele falou: “Não há de quê! Tchau!” e saiu. Ainda tentei fazer uma última pergunta – uma daquelas que tanto ensaiei durante a semana – mas não deu tempo. Não faz mal. O que tinha acontecido já era mágico e inesperado demais!
Quando ele se distanciou, caí em pranto! Chorei como criança, tentando me convencer de que tudo o que tinha acontecido era verdade. Os outros vencedores do concurso vieram me abraçar e disseram: “Ele conversou com você! Ele te abraçou!” e eu não cabia em mim de tanta felicidade!
Depois de tanta emoção, a noite só estava começando. Vieram cerca de três horas maravilhosas de mais um show inesquecível, cheio de canções incríveis e algumas novidades no repertório: “The Night Before”, “My Valentine” (com direito ao belíssimo clipe nos telões), “Golden Slumbers” e a música que sempre quis ouvi-lo cantar no palco, “Maybe I'm Amazed” - que quase não consegui acompanhar, de tão emocionada que eu estava...
Depois de toda essa aventura, de todas as lágrimas e de todos os sentimentos que vieram à tona na noite do último domingo, só posso estar eternamente agradecida pela realização desse sonho. Nunca conseguirei expressar em palavras o tamanho da minha gratidão – e, certamente, nem todo um dicionário seria capaz de traduzir o que senti naquele dia. Entretanto, deixo aqui uma lição que, por mais piegas que possa parecer, é verdadeira: sonhos se realizam! Eles se realizam sim! Não me esquecerei disso – nem daquela “beautiful night”!

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