segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Pool of Tears


Uma vez, li uma frase que dizia: “Ver um show de Paul McCartney compensa todos os shows ruins a que você já foi na vida”. Depois do dia de ontem, eu diria que a experiência vai muito além disso. É uma espécie de catarse, de transe religioso, algo muito difícil de descrever – e, de fato, acredito que não haja nenhuma palavra no dicionário que sirva a este propósito com perfeição.

Ver o “Santo” Paul fazer seu milagre no palco em São Paulo é realizar um sonho da vida inteira e ter a real noção de sua importância para os Beatles e para a música. Mais de 60 mil pessoas cantando juntas por quase três horas não é coisa para qualquer um. Alguns, é verdade, mal conheciam os clássicos dos Beatles e estavam lá só pela farra, para colocar mais um show internacional no currículo. Outros sabiam um pouco mais sobre a carreira do incrível Macca. No entanto, os não-tão-fãs em algum momento ou outro se uniam àqueles que, como eu, formavam uma piscina de lágrimas por estarem vivendo uma experiência quase religiosa.

E o milagre de Paul não para por aí. Aos 68 anos, ele dá show de jovialidade. Canta, toca baixo, guitarra, piano, violão, ukelele. Dança e faz graça para o público, que delira a cada gesto seu. Se esforça para falar português, numa demonstração clara de simpatia, e emociona a massa com as homenagens aos amigos George Harrison (quando cantou “Something”) e John Lennon (ao cantar “Here Today”) e à esposa Linda (com “My Love”). Depois de tudo isso, ainda pergunta: “Vocês querem Rock n' Roll?”. É. Ele ainda pergunta...

E toma-lhe “Helter Skelter”, “Back in the USSR”, “Get Back”, “I've Got a Feeling”, “Band on the Run”. Faz a festa da plateia quando pede a todos que cantem com ele “Ob-la-di, Ob-la-da” e em seguida diz “Bom, vocês sempre cantam junto comigo mesmo...”. Diverte com o coro “Oh-eh-oh” de “Mrs. Vandebilt” e com as caras e bocas depois do festival pirotécnico de “Live and Let Die”.

Repertório impecável, vídeos geniais passando no telão HD ao fundo do palco, banda competentíssima ajudando a mágica a acontecer... É tudo perfeição no show de Paul McCartney e a vontade é de que aquele dia nunca acabe. Então, o cantor olha para a plateia e fala: “Agora eu preciso ir. Eu tenho que dormir! E vocês também!” e emenda “Sgt. Pepper's” com “The End”, para um final apoteótico.

Nada melhor para acabar o show que cantar o verso mais verdadeiro de toda a história dos Beatles: “And in the end the love you take is equal to the love you make”. O amor que Paul colocou em seu trabalho se transformou em toda a emoção que dominou a noite e que vai ficar gravada na memória de muita gente. Inesquecível é o mínimo que se pode falar sobre ontem, mas insisto: estou sem palavras.


2 comentários:

Unknown disse...

Juuuuu!! Esse show foi PERFEITO!!! Já gostava, agora sou fã!! Amei ter compartilhado esse momento com vc!
Seu blog é massa!!
Bjinhos!

John.st@r disse...

Músicas ótimas, infelizmente as radios hoje estão inundadas com lixo sertanejo, forró e pop lixo. Eis a razão de ninguém conhecer as músicas do velho Paul.